Segundona cinzenta e fria, chuviscos ao pé da montanha. À falta de textos novos, republico texto requentado, postado num outro blog em janeiro de 2009.
Flores mortas
Regávamos as flores que desabrochavam em nosso quintal. Eram umas flores magras que mal aberto o botão, espalhavam suas pétalas na calçada. Mas eram as nossas flores, era o nosso jardim.
Os vizinhos plantavam couve, abóbora, hortelã, pimenta. Regavam suas hortas.
Nós, sonhadores e improdutivos, regávamos nossas flores. E repartíamos gratuitamente com o olhar dos passantes as cores que enfeitavam nosso jardim.
Não nos sobrava luxo, não nos faltava o essencial.
Um dia o irmão mais velho se casou. Trouxe a mulher pra morar com a gente.
A cunhada colhia as flores. Cortava umas hastes bem longas, pra colocá-las num vaso sobre a mesa da sala. Dizia que era pra enfeitar a casa.
Nenhum de nós gostava daquilo. Nenhum de nós dizia nada.
Aquelas flores murchas, meio mortas, não enfeitavam nada. Entristeciam a casa.
Fomos deixando de lado o jardim. Folhas secas acumulavam-se no chão. Galhos ressequidos despontavam nas roseiras. Já não regávamos nossas flores.
O pai que estava meio velho adoeceu e logo morreu.
A mãe, cheia de tristeza, disse que não suportava conviver com as lembranças. Foi morar com uma tia também viúva.
A irmã caçula mudou-se pra uma cidade maior, em busca de uma vida diferente.
O irmão mais velho e a cunhada compraram um apartamento num bairro novo.
Fiquei sozinho na casa. Comprei umas flores de plástico que coloquei no vaso da sala.
Os vizinhos plantavam couve, abóbora, hortelã, pimenta. Regavam suas hortas.
Nós, sonhadores e improdutivos, regávamos nossas flores. E repartíamos gratuitamente com o olhar dos passantes as cores que enfeitavam nosso jardim.
Não nos sobrava luxo, não nos faltava o essencial.
Um dia o irmão mais velho se casou. Trouxe a mulher pra morar com a gente.
A cunhada colhia as flores. Cortava umas hastes bem longas, pra colocá-las num vaso sobre a mesa da sala. Dizia que era pra enfeitar a casa.
Nenhum de nós gostava daquilo. Nenhum de nós dizia nada.
Aquelas flores murchas, meio mortas, não enfeitavam nada. Entristeciam a casa.
Fomos deixando de lado o jardim. Folhas secas acumulavam-se no chão. Galhos ressequidos despontavam nas roseiras. Já não regávamos nossas flores.
O pai que estava meio velho adoeceu e logo morreu.
A mãe, cheia de tristeza, disse que não suportava conviver com as lembranças. Foi morar com uma tia também viúva.
A irmã caçula mudou-se pra uma cidade maior, em busca de uma vida diferente.
O irmão mais velho e a cunhada compraram um apartamento num bairro novo.
Fiquei sozinho na casa. Comprei umas flores de plástico que coloquei no vaso da sala.
Fá
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