quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Verdades e mentiras

Nem tudo aquilo que escrevo é totalmente verdade, nem totalmente mentira. Tudo que escrevo é um pouco verdade, um pouco mentira.
Um pouco das minhas verdades. Um pouco da verdade dos outros que eu tomo emprestado, visto com nova roupagem e reapresento ao próprio dono. Um pouco das mentiras que invento, um pouco das mentiras alheias que eu furto para enfeitar minha escrita.
Verdades e mentiras misturadas, em perfeita simbiose.
Cabe ao leitor a tarefa de separar, adivinhar e, se puder, acreditar.


terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Um churrasco e um atoleiro

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Um Churrasco e um atoleiro

Formavámos um grupo na ginástica. Eu, uma amiga, dois sobrinhos dessa amiga (um rapaz e uma garota) e o professor de ginástica. Um dia fomos convidados por um colega da aula de aeróbica (que não era da nossa turma) pra ir a um churrasco. O churrasco seria num domingo, num sítio nos arredores de São Paulo e o convite era pra que nós fizéssemos uma apresentação de aeróbica (lembram-se daquela época? As fitas de videocassete da Jane Fonda, workout, alto impacto?). Pois bem, a proposta era essa. De imediato, pensamos numa coreografia e resolvemos ensaiar pra fazer bonito no dia do tal churrasco. Logo na primeira tarde de ensaio eu caí de mau jeito sobre o tornozelo e tive um entorse. Voamos para o hospital mais próximo. Bota de gesso no pé direito e assisti ao restante dos ensaios desolada, sentada no chão, num canto da sala de ginástica. (Mas os outros ensaiaram e a coreografia ficou até bem bacana.)
No dia marcado, nos aboletamos em dois carros (eu, minha amiga e o sobrinho no meu carro; o professor e a sobrinha no carro dela) e lá fomos nós. Tínhamos encontro marcado com a turma do churrasco numa praça no centro da cidade. Só não sabíamos que a polícia e a cia. de trânsito tinham fechado algumas vias do centro pra um evento qualquer. Demos voltas e mais voltas. Chegamos atrasados ao local do encontro. Todo mundo já tinha ido. Alguém, mais diligente, tinha deixado pra nós um mapa. Tosco, mas era um mapa e nós tentamos segui-lo. Pegamos a Marginal do Tietê, depois a Fernão Dias (a estrada que liga São Paulo a Belo Horizonte). Naquele tempo, uma péssima estrada, pista simples, mal sinalizada, muitas curvas, tráfego pesado. Rodamos por uns 40 minutos e alguém chegou à conclusão que tínhamos passado do ponto marcado no mapa, que não era muito distante da cidade. Era preciso voltar. Eu, com o pé engessado não podia dirigir, então ao volante do meu carro ia o sobrinho da minha amiga, garotão ainda, mas habilitado. Pois bem, o meu motorista fez uma conversão proibida e perigosa bem no meio de uma curva de uma rodovia federal. Gelei no banco do passageiro (era a hora de perceber que algo não ia bem?).
Retornamos ao ponto marcado no mapa, que deveria nos levar ao sítio. Atravessamos o centro de uma cidadezinha, passamos pela periferia, chegamos a uma estrada de terra (detalhe, tinha chovido a semana toda, a estradinha de terra era lama só). Rodamos, rodamos e nada. Nem sítio, nem ninguém a quem perguntar, nem sinal de qualquer dos pontos assinalados no mapa. Estávamos perdidos no meio do nada e só havia uma chance de chegar ao churrasco: seguir em frente. É claro que também já estávamos mortos de fome.
De repente, bem no meio de uma subida enlameada, meu carro dá uma derrapada, desliza para o lado e para, perigosamente equilibrado num barranco, definitivamente atolado: pra frente não podíamos ir, sob pena de cair do barranco; pra trás o carro não obedecia. Desceram todos pela porta do motorista. Eu, com o pé engessado, fui a última a ser resgatada.
Por perto não havia nada, nenhum bar, nem telefone público (o celular ainda não tinha invadido nossa vida), nenhuma casa onde pedir socorro. E a chuva, como que adivinhando nosso sufoco, tinha voltado a cair.
Decidiu-se que eu, inútil com o gesso no pé, deveria voltar no carro com a outra motorista em busca de ajuda. Nós voltamos. Voltamos muito. Mas nada de encontrar alguém, ou o asfalto ou a cidade. Na verdade, acho que também nos perdemos. Nem sabíamos mais onde era o atoleiro onde ficaram nossos amigos. Já estávamos naquele estado em que uma mulher começa a querer chorar. E eis que surge na nossa frente um sujeito conduzindo uma carroça, puxada por um burro. Era o único ser vivo num raio de quilômetros e então foi pra ele mesmo que pedimos ajuda. O homem tinha caído do céu. Conhecia a subida do atoleiro. Disse que era comum os carros atolarem ali. E foi na frente nos guiando.
Um burro tirando um carro do atoleiro é uma ideia muito estranha, mas o fato é que ele conseguiu. Manobrou a carroça de jeito que a traseira dela ficasse alinhada com a traseira do carro, amarrou uma corda, gritou umas ordens para o burro e ufa!!! o carro saiu direitinho do lamaçal, dançando um pouco para os lados, mas intacto.
Sujos de barro, famintos, furiosos e frustrados, resolvemos voltar pra casa. Principalmente porque, assim que escapamos do atoleiro, passaram por nós dois carros com gente que já estava voltando do churrasco. Tinham chegado lá, comido e quando a chuva recomeçou, decidiram voltar com medo de que a estrada ficasse completamente intransitável.
Chegamos em São Paulo já passava de 5 e meia da tarde. Felizmente, em respeito ao sagrado costume paulistano de comer pizza no domingo à noite, a pizzaria do bairro já estava aberta. Compramos três pizzas gigantes e três litros de refrigerante.
Depois de saciados, todos quiseram assinar no meu gesso, pra deixar registrada a data.
 
 
PS: Qualquer semelhança com fatos ou pessoas verídicas, não é mera coincindência.
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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Para reflexão

Se você soubesse quem você é...

Quando vai a praia você tem medo de ser atropelado? Por qual veículo: um carro, uma bicicleta, um jet ski?
Um jet ski anda na areia? Uma vez ligado continua andando? A que velocidade?
Você entregaria as chaves do teu carro a um condutor não habilitado, ou as do barco, do jet ski, você entregaria as do avião, se tivesse um?
Se o teu filho atropelasse alguém, ocasionando a morte dessa pessoa, você apareceria em público para conversar com a família da vítima, oferecer solidariedade e reparação do dano ou você se esconderia juntamente com teu filho? Que tipo de pessoa  você julga ser, responsável pelos próprios atos  e pelos atos daqueles sobre  quem a lei te atribui responsabilidade? Você é o dono do mundo ou o filho do dono?
Você realmente sabe quem você é? Pagaria pra ver?



Crítica de cinema I

Fomos assistir a Dama de Ferro. Filmão, de enorme impacto. Abstraindo o tema da doença da personagem (que para mim tocou em questões pessoais), não sei dizer o que me deixou mais impressionada: se a personalidade fortíssima de Margaret Thatcher (já conhecida) ou se o desempenho de Meryl Streep que me fez passar o filme inteiro com a sensação de que estava vendo a própria Margaret.
Para dar uma ideia da força dos diálogos, reproduzo uma citação da Dama de ferro (não sei palavras dela própria ou copiadas de outro alguém):

"Cuidado com seus pensamentos, eles tornam-se palavras.
Cuidado com suas palavras, elas tornam-se ações.
Cuidado com suas ações, elas tornam-se hábitos.
Cuidado com seus hábitos, eles formam seu caráter.
Cuidado com seu caráter, ele se torna seu destino."


Cinema de primeiríssima qualidade, vale a pena ser visto. Levou o Oscar com  muita justiça, merecia mais. 

domingo, 26 de fevereiro de 2012

As sardinhas

As sardinhas

Um adora peixe. O outro detesta. Mas numa relação estável e duradoura, de vez em quando é preciso fazer um agrado. As geladeiras do supermercado estão cheias de peixes, os mais variados: limpos, congelados, assépticos, nem parecem peixe.  Naquela tarde, passando pelo supermercado decidiu comprar peixe. Escolheu um pacote de sardinhas. Sardinha não é assim um peixe nobre, mas é muito rica em cálcio, dizem.
Deixou o pacote sobre a pia da cozinha pra descongelar. No dia seguinte, seria fácil prepará-las.
Fácil? Vai pensando....No outro dia as sardinhas se revelaram um abacaxi. Ao erguer o pacote viu que elas estavam com a cabeça, com a barriga fechada, tinham escamas...Estavam inteiras e por limpar.
Entregar as sardinhas daquele jeito seria o mesmo que fazer do agrado um presente de grego.
Às vezes, a pessoa precisa ter fibra de herói e estômago de aço. Aquele era o momento de ser assim.
Armou-se de faca afiada e enfrentou os peixes. Cortou cabeças, abriu barrigas, arrancou entranhas. A cada golpe de faca na barriga, um cheiro adocicado de sangue batia-lhe no nariz provocando enjoo. Foi em frente, mesmo assim.
Depois de lavadas e temperadas as sardinha se transformaram em perfumado escabeche.
Quem provou, aprovou (menos quem preparou).
Moral da história: “O que é que a gente não faz por amor.”


sábado, 25 de fevereiro de 2012

Especial do dia

Aniversário da Má de novo! E toca procurar música! Pensam que é fácil? A Má gosta de muitas, dá trabalho encontrar aquela que mais agrade. Mas eu gosto de me arriscar, vou nessa....pra Má se lembrar dos velhos tempos e pra continuar curtindo a vida, sempre e muito:







Fá

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Cheiro de pizza

Então o sujeito usando a camiseta de uma agremiação, portando uma credencial que o autorizava adentrar o espaço reservado aos dirigentes das agremiações, com maior facilidade pula a grade, agarra o envelope com as notas, rasga o envelope,  sem dar tempo a ninguém de intervir? Entendi...
Ninguém sabe como ele conseguiu a credencial....e a agremiação cuja camisa ele usava (e poderia ser prejudicada pelas notas contidas no envelope que ele rasgou) afirma que ele não faz parte da direção....Tá...
O detalhe é que ele sabia direitinho qual era o envelope e onde ou com quem estava...Sei...
Preso depois de ter feito o estrago que fez, descobre-se que o sujeito tem uma ficha criminal repleta de delitos...mas só vai ficar preso porque cometeu o crime inafiançável de supressão de documentos. Todos os outros crimes? Ah, sei lá (consultem o Código Penal)....
Discute-se daqui, argumenta-se dali e vem à tona o regulamento: o regulamento diz que se o integrante de alguma agremiação tumultar, impedir, prejudicar o andamento dos trabalhos, a agremiação à qual ele pertence pode ser punida com eliminação do concurso....Hum, melhorou...
É, mas quem vai decidir sobre a aplicação do regulamento é a liga  e a liga é formada pelas próprias agremiações, dentre elas as que hipoteticamente poderiam ser beneficiadas pela "sumiço das notas"...Pois é...
Mas as agremições recebem um polpudo repasse de verbas do Poder Público e onde corre muito dinheiro...bom, onde corre muito dinheiro....Complicou...
Misturados todos esses ingredientes...sei não...tô sentindo um cheirinho de pizza no ar.


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Um conto de minha autoria

Para alguns é um conto já conhecido (foi publicado numa coletânea de contos).  Mas para muitos dos insanos acredito que seja inédito. Espero que gostem:

A primeira vez


Ele vinha diariamente, entregar o leite. Todas as manhãs, o pai conduzindo a carroça e ele de porta em porta, deixando uma ou duas garrafas de leite fresquinho, recém-tirado (as garrafas às vezes tilintavam fazendo um barulhinho gostoso de ouvir logo cedo...). Era loiro, cabelos curtos, impecavelmente penteados para trás. Parecia com um menino de seriado americano, que eu somente conheceria anos mais tarde, nos enlatados da televisão.
Brincávamos todas as tardes: pique, esconde-esconde, queimada; toda a criançada solta correndo pelas ruas de terra:; brincávamos até o entardecer, quando a mãe, impaciente, chamava no portão para o banho antes que o pai voltasse do trabalho, antes da janta. A janta era só uma repetição interminável das noites anteriores, com pequena ou nenhuma variação: arroz, feijão, alguma carne cozida ou frita, legumes que a gente engolia depressa pra não sentir muito o gosto, e quando havia sobremesa, fruta geralmente do quintal. Muitos pés de fruta no quintal: laranjas, goiabas, mangas.
A vida caminhava assim lentamente, numa placidez de vacas pastando, que só era quebrada regularmente umas quatro vezes por ano: no Carnaval, quando uns tristes mascarados passavam na rua fazendo rir as mulheres e assustando as crianças pequenas, que tratavam de se esconder; na Semana Santa, quando a procissão do Senhor Morto assustava todos nós com aquele Cristo de olhos vítreos eternizado em seu sofrimento, seguido pelo silêncio contrito das mulheres de véu negro; na festa do padroeiro (essa era ótima!), quando os adultos se distraíam primeiro com os preparativos da festa, depois com leilões, música e dança, e nos esqueciam correndo soltos e à vontade, sem hora pra tomar banho ou dormir; e finalmente, no Natal (essa a melhor de todas!!!). Não porque esperássemos receber presentes, mas porque havia todo tipo de guloseima a vó fazia rabanada (por que será que só no Natal?), os primos vinham de longe passar os feriados e de novo corríamos livres pelas ruas...
 Nos dias que antecediam o Natal, eu assistia extasiada à matança dos animais que seriam assados para a ceia: perus, cabritos e leitões. Nunca me impressionei com a matança dos bichos, seus grunhidos, as entranhas expostas, o sangue escorrendo; acho que nem mesmo me dava conta de que estavam morrendo. Para mim, aquele era apenas o destino natural dos animais criados no quintal: nos servir de alimento.
Um dia qualquer ele não veio e a rotina foi abruptamente quebrada: em muitas mesas faltou leite no café da manhã. Não veio no dia seguinte, depois no outro e assim, sucessivamente. Não voltou mais pra brincar com a gente.
Um murmúrio de boatos, um burburinho de comadres fofocando percorreu rapidamente as ruas. Adultos cochichavam. Não era assunto pra crianças, mas andei ouvindo pelos cantos...
História triste, detalhes escabrosos e final trágico. Palavras difíceis, que eu jamais escutara antes: tocaia, assassinato. O pai morto pelas mãos de um vizinho. Motivos desconhecidos. Uns cogitavam de briga por divisa de terra, outros mencionavam envolvimento de mulher e honra lavada com sangue.
O acontecido: ainda na escuridão da madrugada, quando saiu para ir ao curral tirar leite, foi surpreendido pelo vizinho que o esperava emboscado numa curva do caminho; atacado com golpes de foice, teve arrancada a calota craniana.
Passei semanas de solitário horror imaginando a cena: o corpo ainda em pé, as pernas cambaleantes tentando obedecer a um comando já inexistente, enquanto a tampa da cabeça jazia no chão, ensangüentada. Depois, a queda e a morte em agonia. Não sei por que, mas me lembrava das galinhas que minha avó destroncava e que morriam entre espasmos, penduradas no mourão da cerca.
Eu ainda não tinha lido nenhum livro (nem sequer sabia ler direito) que descrevesse a morte em detalhes. Também nunca tinha visto nenhuma imagem (fosse pintura, desenho, ou caricatura) representando a morte.
Mas no meu imaginário a morte ficou para sempre gravada como uma sombra na escuridão, empunhando uma foice afiada.

Brasília - 16/10/07





quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Um pequeno reparo

Ontem foi uma  festa no blog, com manifestações nunca vistas antes,  porque Caio e Carol entraram para a faculdade. Muito justo, merecido. E no meio de tanta comemoração passou em branco um fato importante: O Rodrigo também entrou para a faculdade. Tá certo, o Ro tem o demérito de estar um pouco atrasado (uns 10 anos talvez, em relação aos dois jovens citados). Mas se teve o impulso, a iniciativa de correr atrás do tempo perdido, merece incentivo e elogios. A vontade de mudar já é metade da mudança.
Para o Rodrigo não posso dizer que ele vai curtir, se divertir. Porque ele não vai.  A curtição dele se chama Lara. Ele tem responsabilidades de pai e marido e nos intervalos entre o trabalho e a escola, é aconselhável que dê conta dessas responsabilidades, ou toda a boa intenção irá para o ralo (de boa intenção, já se sabe, até o inferno está cheio). E como dizia uma amiga minha que partiu pra outra dimensão: a boa intenção só vale se vier acompanhada da boa ação.
Não vai ser fácil trabalhar, estudar, pagar as contas e cumprir todas as obrigações de um adulto (mas também ninguém prometeu que crescer seria fácil, né?)
Apesar das dificuldades, penso que se o Rodrigo se empenhar de fato ele poderá aproveitar muito bem essa oportunidade. Usá-la para aprimorar seus conhecimentos, crescer profissionalmente, melhorar a compreensão de si mesmo e do mundo.
Ao final do curso terá a possibilidade mudar não só a própria vida, mas principalmente o futuro de quem depende dele.
Eu estarei a postos aqui, para escrever a crônica da formatura.
Força Ro.


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

E eles chegaram à faculdade...

Dias atrás a grata notícia da aprovação do Caio na Fatec, e hoje pela manhã encontrei uma CAROLINE LOPES SILVA aprovada em Políticas Públicas na USP.

Tive um pouco de receio em parabeniza-la. Poderia não ser ela e eu cometer uma daquelas impagáveis gafes de que o ser humano é capaz. Mas não tardou e recebi um sms do Caio com a confirmação.

É uma nova e maravilhosa fase na vida dos dois. Aproveitem.

Da melhor maneira: divertam-se (claro!), mas, principalmente, estudem muito. Essa época foi feita para isso e a dedicação ao estudo vai determinar o profissional que vocês vão se tornar.

Pode parecer mais legal "curtir", mas os anos seguintes e o mercado de trabalho vão cobrar a conta (e só temos essa consciência exatamente quando essa hora chega). E, na boa, dá para fazer as duas coisas...

Engraçado pensar que é uma fase nova para nós também. Eu entrei na Faculdade em 1991. O Caio, agora universitário, só nasceria 3 anos depois...

É... O tempo não perdoa...

Parabéns "crianças", e muito, muito sucesso!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Convite

Só pra movimentar a segunda-feira, um poeminha antigo, dos tempos em que já escrevia, mas ainda não sabia o que fazia:


Convite

Acendo a lâmpada da sala
como fosse a única luz da cidade,
como fosse te guiar na noite escura.
Seja mariposa. Se iluda. Venha.
Que a espera é dura.
Abro a janela do quarto
como fosse a porta do paraíso
como você fosse entrar por ela.
Seja pássara. Voe. Venha.
Que é muito antiga a saudade.
Ponho um disco pra tocar e canto
como fosse minha voz te conduzir
como fosse teu nome música.
Ouça. Ouse. Venha.
Que é inútil resistir.
















































































domingo, 12 de fevereiro de 2012

Luto na música de novo

A cantora norteamericana Whitney Houston, de apenas 48 anos,  foi encontrada morta na noite de ontem, na suíte de um hotel em Los Angeles. Sozinha. A causa da morte não foi divulgada, mas não é difícil tirar conclusões, dado a histórico da cantora de envolvimento com drogas.
Triste. Lamentável. Mais um artista de sucesso estrondoso (o mundo inteiro - ou quase-  viu o filme O Guarda-Costas e ouviu a música tema "I will always love you") que sucumbe ao vício das drogas.
Na condição de admiradora da voz maravilhosa que ela teve no auge da carreira (depois a voz sofreu as consequências do abuso de drogas), sinto-me chocada com essa morte prematura. Acredito que os fãs de boa música aqui do insanos, pelos menos os mais velhos (Preta, Má, Julia, Sandra, Bruno*) devem compartilhar o meu sentimento.
Para nós que a vimos cantar ficarão as lembranças dos bons momentos embalados por sua voz. Para os jovens espero que fique a lição de que o caminho das drogas não tem alternativa, conduz à degragação e à morte, pouco importando quão rico, famoso, talentoso, bonito ou poderoso seja o usuário.


*O Bruno não é velho, mas cantarolava as músicas dela, entra outras tantas músicas antigas das quais ele sempre gostou.
Para relembrar os bons momentos:




Nossa viagem ao sertão - uma história em capítulos - FIM

Nossa viagem ao sertão - capítulo bônus - parte final - As gentes

Andei por muitas estradas, conheci muitas cidades, vi coisas inusitadas, provei novos sabores, senti muitas emoções. De tudo que encontrei o mais interessante, foram as pessoas. Estive com pessoas grosseiras, antipáticas, mal intencionadas. Delas não fiz sequer um registro. Porque foram tantas as pessoas gentis, simpáticas, solidárias, boas de conversa que encontrei pelo caminho, que não sobrou espaço para gente ruim. Este capítulo é uma homenagem a todas as "gentes" boa que conheci.

A recepcionista do hotel em Uberlândia: simpatissíma, nos deu o quarto que pedimos, no último andar, nos fundos, para que não fossemos incomodadas. Depois nos garantiu que ir ao shopping a pé era seguro. E por fim nos ofereceu a academia com a qual o hotel mantém convênio para nos exercitarmos. Como não aceitamos, ensinou o caminho do parque (aquele, depois do Uai...).

O mensageiro do hotel em Brasilia (na ida), se esforçou pra nos conseguir apartamento num andar alto e depois providenciou a arrumação do apartamento do nosso "jeito".

O proprietário do hotel em Cavalcante, jovem, educado, empreendedor, milita pelas causas ambientais, atende os hóspedes como se cada um fosse seu convidado, atendeu a todos os nossos pedidos (e nos presentou com uma fogueira).

O empregado desse hotel que ficou conosco na fogueira, contador de causos, falou de onças e de aparições na mata e não deixou o fogo morrer.

O garçon do "nosso bar" de calçada em Palmas. Sério, educado e pra meu espanto, totalmente natureba - não bebe, não toma refrigerante, não come nada industrializado. Quase que me mata, de vergonha ou de inveja...

O guia do Jalapão (desse eu gravei o nome - Mauro), profissional competente, o tempo todo preocupado com a segurança e o bem-estar dos turistas, excelente contador de histórias, conhecedor dos segredos da terra. Humilde, quando perguntado sobre sua naturalidade, respondeu que era "nem"...nem goiano, nem baiano, nem tocantinense, por ter nascido na divisa dos Estados.

O dono de uma sorveteria na divisa entre Tocantins e Goiás (Arraias), hospitaleiro e bom de prosa. Paramos pra tirar umas fotos. Fizemos algumas perguntas.  Educadamente ele respondeu a todas, nos deixou usar o banheiro (e não compramos sorvete) e nos convidou pra voltar para o carnaval, que segundo ele, é muito animado.

O garçon de um restaurante famoso em Araxá, que nos explicou tudo que sabia sobre a Serra da Canastra e deu a dica de onde ir para  conseguir mapas e guias.

O atendente da agência de turismo oficial de Araxá que fez mil telefonemas para pedir informações e nos deu mapas e o contato para que alguém nos levasse até a Serra.

O dono do auto-elétrico em Sacramento, profissional honesto que não mexeu no meu carro, não tomou meu dinheiro e me aconselhou a acionar a assistência técnica.

O dono da "vendinha" em Sacramento que ofeceu seus préstimos, sua casa e sua solidariedade quando estávamos na rua esperando socorro.

O jovem casal desconhecido que parou o carro, nos ofereceu ajuda, nos deu o número do telefone e insistiu que ligássemos caso o socorro não chegasse.

O gerente da oficina em Uberaba que pacientemente nos deu água, café e telefone (além de ter feito inúmeros telefonemas) enquanto buscávamos uma solução para o defeito no carro. E pacientemente esperou, passando da hora de encerramento do expediente.

O motorista do táxi que nos conduziu de Sacramento a Uberaba e que (a gente tem sorte), no dia seguinte nos conduziu até em casa. Educado, prestativo, calmo, entendeu todas as nossas necessidades (de hotel, de comida, de banheiro).

E finalmente, por último mas merecedor de destaque, Giovani, o motorista do guincho que foi buscar nosso carro em Sacramento. Uma figura fora de série. Eu comecei de cara implicando com ele e ele nem "tava aí". Loiro, forte, largadão, sério e engraçado. Teve paciência com a nossa impaciência. Contou um montão de estórias. Riu e nos fez rir. Não permitiu que pagássemos sequer o refrigerante que tomou no bar. Falou da própria vida (e acho que não é nenhum segredo): vive com a filha única, adulta. Pelo que contou, são bons amigos, parceiros de aventura. Nas horas de folga saem os dois de motocicleta pelo Brasil afora, correndo feito doidos. Já caíram da moto mais de uma vez (ele conta e ri). Um tipo....um brasileiro trabalhador, descontraído e feliz com a vida que leva. Quando bati os olhos nele, preconceituosa, pensei que ele fosse um desses sujeitos que andam por aí sujos de graxa que acham que toda mulher é uma idiota em potencial. Bem, eu me comportei como uma idiota (tava nervosa, estressada, com o carro quebrado num lugar estranho), mas ele manteve a fleuma e ganhou o meu respeito.

A todas essas gentes, todos esses brasileiros trabalhadores que fazem este país valer a pena, minha gratidão por terem tornado nossa aventura mais leve, divertida, segura e repleta de boas lembranças.



Trilha sonora para encerrar esta saga:



sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Pescando parafusos

Abra distraídamente um caixa de ferramentas, sem perceber que na parte superior tem um compartimento com a tampa quebrada. Deixe cair no chão mais ou menos 153 parafusos, além de porcas, pregos, brocas, ganchos de metal, arruelas, reparos de torneira, borrachinhas de vedação e mais algumas coisinhas. Melhor ainda, deixe cair na grama. Como a maioria dos objetos é de metal, o peso fará com que afundem na grama fofa. Nem pense em deixar tudo isso largado. São muitas peças e em algum momento você vai precisar delas. Além disso, pregos e parafusos mergulham na grama de cabeça pra baixo, ou seja, com a ponta para cima. Alguém poderá espetar o pé. Portanto, junte tudo. Comece recolhendo por cima as peças maiores. Assim, quanto mais você remexe, mas as pecinhas de baixo afundam.
Deixe de ser anta!!! Pare imediatamente com isso!!!!
Procure na mesma maldita caixa de ferramentas uma chave de fendas imantada. Enfie a ponta da chave na grama e gire em todas as direções. Pregos e parafusos virão à tona facilmente.
Boa pescaria.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A Gisele caiu

A Gi caiu. Não, isso não tem graça nenhuma. Aliás, rir da queda de alguém é uma atitude bem grosseira. Afinal, a pessoa pode ter se machucado ao cair. Mas cá entre nós, que dá vontade dá. Já notaram que a pessoa que cai, antes de se preocupar em ver se está machucada, olha depressa para os lados, pra ver se alguém assistiu?
Estou falando de adultos, claro. Porque crianças existem de três tipos: as que  caem e se machucam de verdade (e a gente corre pra socorrer), as que abrem um berreiro à toa (e a gente tem vontade de bater) e as que dizem que não foi nada, se levantam e voltam a correr (essas que a gente queria ter como filho).
Mas voltando ao começo, a Gi caiu. Segundo eu soube, caiu na escada e foi batendo o traseiro nos degraus. Ficou alguns dias com o bumbum dolorido.
Como eu já disse, isso não tem graça nenhuma. Engraçado, engraçado mesmo é a Isabela contando a história. Já ouviram?

PS: contei da queda aqui porque a própria Gi postou o assunto no Face, então suponho que não seja nenhum segredo.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Fim do mundo

O mundo vai acabar em 2012. Pelo menos é o que dizem os estudiosos que se puseram a interpretar as previsões feitas pela civilização maia. Há quem decrete até a data do fim: 21.12.2012.
Minha professora de yoga (pra quem o fim do mundo não vai fazer a menor diferença - ela não é mesmo deste mundo), nos preveniu de que este ano será de grandes catástrofes. Disse que haverá 3 dias de escuridão e por isso é bom se prevenir, estocar comida e bebida. Disse mais, que se todo mundo rezar muito, as orações trarão luz para a humanidade e será possível evitar o horror.
Eu não acredito em fim do mundo. Mas já comecei a rezar (estocar comida e bebida eu já estava estocando porque, vai que...três dias de escuridão trancada em casa...).
O que me fez começar a rezar, muito mais do que os conselhos da minha professora, foi um fato inédito, inacreditável: O Correia criou um grupo no Facebook!
Se isso não é sinal de fim do mundo, então não sei o que será!


terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Jabuticaba assassina

Me digam vocês se é justo um negócio desses....
Uma pessoa passa a vida inteira procurando viver de forma saudável, fazendo exercícios físicos e sempre movimentando o corpo e o cérebro...dando preferência a alimentos naturais e fugindo dos embutidos, enlatados e etc. e de repente, quase vira notícia por culpa de uma simples jabuticaba.
Eu conto: estava eu no quintal recolhendo as folhas secas da grama. Tenho jardineiro que só vem uma vez por semana (as folhas caem mais rápido do que isso) e quando vejo o quintal sujo vou pessoalmente fazer a limpeza. Tava já quase no final do trabalho, tinha que ir pra aula de yoga em seguida e não tinha lanchado.
A Preta tem um pé de jabuticaba. Não é assim uma Jabuticabeira com letra maiúscula, sabe, é só um pezinho de jabuticada meio safado que ainda não deu uma carga digna de nota. Dá umas tantas frutinhas que nunca ficam bem pretas, mas mesmo avermelhadas são bem docinhas (e a gente nunca consegue comer porque os bichos comem antes) e que tem um caroço enorme.
Então, eu tava no quintal, queria comer alguma coisa, avancei sobre a jabuticabeira. Como eu já conheço o "caroço" dela, chupo o sumo e jogo fora caroço e casca. Mas sei lá, acho que me distrai, me entusiasmei com uma mais doce e glupt! o caroço entrou.... a bem da verdade não entrou e também não queria sair, entalou...
Tossi, forcei, tentei engolir, não foi. Tentei devolver, não voltou. Gritei pela Preta...não gritei exatamente, porque a voz me saiu estrangulada, mas ela ouviu, percebeu pelo tom de voz que algo estava errado, veio correndo.
Tentou me fazer expelir o caroço e nada. Me deu água pra ajudar a descer, a água voltou pela boca e pelo nariz. Epa, a coisa tava ficando preta (sem trocadilho) e a partir desse ponto eu comecei a tremer.
Pedi que chamasse minha comadre (que fez curso de enfermagem - quem sabe ela conhecesse a Manobra de Heinrich). Vieram em desabalada carreira comadre e afilhada. E dá-le apertões nas minhas costelas, no estômago, no peito...a comadre chegou a me levantar do chão (o que não deve ser difícil considerando-se o tamanho dela e o meu).
A Preta pegou documentos, chaves, tirou o carro da garagem e lá fomos nós voando para o hospital (nunca vi a Preta dirigir daquele jeito). Eu tava suja, suada, descalça, a casa ficou aberta, os pães que a Preta estava assando ficaram no forno (desligado, ao menos) a comadre só tinha vestido uma blusa de frio por cima do top que estava usando em casa ( fazia um calor de 28 graus em média)...a pobre da afilhada estava em pânico (mas mesmo em pânico teve o bom senso de ligar para o pai e pedir que ele explicasse como socorrer alguém engasgado - grande menina).
No banco de trás eu tossia, lacrimejava e morria de medo de me faltar o ar...mas antes de chegar ao pronto socorro o bendito caroço enfim desceu.
Passei pelo médico já quase recuperada (e aguentei as piadinhas de praxe - merecidas, eu acho). Me fizeram um raio-X do pulmão (estava tudo bem, com os pulmões, claro; as costelas que a comadre apertou, sabe-se lá). Ufa!
Fiquei apenas com a garganta um pouco dolorida e o bichinho do rãnrã me incomodando, mas sobrevivi (com uma certa vergonha de ter dado essa trabalheira e esse susto nas  três).
Agora me digam: se eu estivesse confortavelmente sentada na cozinha, comendo pão com mortadela, teria dado esse vexame?

Botecoterapia

Botecoterapia

Janeiro.  Alto verão. Calor de 30 graus e sol até depois das 20 horas.
Para os adeptos da lei do menor esforço, nada de fazer compras, empurrar carrinho de supermercado, carregar sacolas.
A pedida certeira é ir para um bar. De preferência um que a gente já conheça. Ou melhor ainda, um onde o garçon conheça a gente.
Chame alguns amigos. Só os legais. Beber na companhia de gente chata é pecado mortal.
Procure uma boa mesa. Deixe o balcão para os bebuns contumazes. Ou pra quem vai ao bar curar dor de corno. Cumprimente o garçon. Como vai? Beleza? E aí, mano? (depende do estilo do bar e do grau de intimidade com o sujeito).
Peça cerveja. Não é preciso dizer qual (o garçon já conhece a gente, lembra?). Decida com a turma os petiscos (lingüiça, frango a passarinho, fritas – não vai fazer a menor diferença, tudo é colesterol puro e empapuça).
Superadas as questões preliminares, o negócio é jogar conversa fora. Todos os assuntos são permitidos: futebol, política, religião (afinal, estamos entre amigos!). Bem... na verdade nem todos. Dor de cotovelo não é aconselhável. A menos que você seja mulher e na mesa só estejam mulheres...
O bate-papo rola mais solto (e o volume das vozes aumenta) quanto maior for a quantidade de cerveja consumida.
Quando todos ao redor estiverem olhando meio de lado pra sua mesa, é sinal de que a turma está se excedendo.
É hora de passar a régua e fechar a conta.
Nem pense em pagar sozinho, não tem graça. Rachar a conta com a turma faz parte da etiqueta do boteco.
Se for embora dirigindo (o que não é recomendado), cuidado com o bafômetro.



segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Rescaldo da festa

Só os preparativos da festa já tomaram mais de uma semana. Foram mais ou menos 25 idas ao supermercado (e na hora “h” ainda tinha alguma coisa pra ser comprada). Ela passou mais tempo cozinhando do que uma mucama da casa grande dos tempos da escravidão.
Ela é perfeccionista. E ninguém faz perfeito...como ela faz.
É claro que durante a festa tudo é alegria. Música, decoração, fotos, bolo, sorvete, flores, família e amigos.
Depois vem a segundona e é preciso arrumar toda a desordem que sobrou do dia anterior.
Há presentes para abrir. É preciso por no lixo caixas e mais caixas, embalagens vazias, papel amassado. Há panelas, tachos, suportes, caixa de isopor, toalhas, panos de prato, serviços de mesa para serem  lavados e guardados.
No cd player Ana Carolina canta (o cd novo foi presente) o melô da violência doméstica. Não é a nossa música, felizmente. Se bem que, durante os preparativos da festa estivemos muito mais perto dos tapas  que dos beijos.
Ainda bem que inventaram a segunda-feira para a vida recomeçar.
De biquíni, lambuzadas de protetor solar, debaixo de um sol de 32 graus, lavamos no quintal os apetrechos usados na festa, nossa velha cumplicidade restabelecida.


PS: e podem apostar que ano que vem tem mais.

PARABÉNS E OBRIGADA!!!!

Mais uma festa com a assinatura de glamour (no melhor sentido do termo) da Senhora Rosa...

Parabéns Prê, estava tudo perfeito!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Especial do dia

Hoje a aniversariante é a Preta. Deveria ter música, mas qual, dentre as tantas que ela ama? Difícil demais escolher.
Querem saber de que mais? Para ela, música ao vivo, na hora da festa, é o melhor a fazer.
Prê, saúde e felicidade sempre. Muita garra pra continuar sempre na luta.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

"Direto do tunel do Tempo"

Não é assim tão antiga, mas já faz parte do album de recordações:


Simone, Caio, Julia e Matheus


Fá

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Churrascoterapia

Alguém me pediu pra contar (nem insistam, não vou dizer quem foi) e eu conto.
O ideal é fazer na própria casa, mas se não tiver churrasqueira pode fazer na casa do pai, do cunhado ou de um amigo, desde que vocês sejam íntimos e tenham combinado antes (não vá aparecer de surpresa na casa dos outros com um saco de carvão e o isopor cheio de gelo - é de muito mau gosto).
Compre carne, sem exagero, mas de qualidade (minha preferência é picanha). Um pouco de linguiça e asinhas de frango também (não gosto de frango, mas sempre aparecem os amantes dos galináceos).
Um cálculo bom para não errar na quantidade é considerar mais ou menos 400 gramas de carne por adulto.
Compre cerveja e refrigerantes, também de boa qualidade (não vá estragar o churrasco com bebida ruim).
Convide algumas pessoas, só as legais. Já que você está dando comida e bebida, não tem porque aguentar "gente mala".
Tempere as asas de frango. Ou (de preferência)  peça para alguém fazer isso por você (não caia na besteira de fazer asinha só no sal grosso - não presta).
Antes mesmo de acender o fogo, ponha a bebida pra gelar (bebida quente também estraga o churrasco).
Dê uma varrida na churrasqueira, arrume o carvão, coloque um acendedor ou meio copo de álcool (se usar álcool, espere um pouco pra ele penetrar no carvão) e acenda o fogo.  Enquanto espera o fogo pegar, dê uma lavada nas grelhas (mesmo que já estejam limpas, é sempre bom tirar a "poeira").
Comece pelas linguiças, devagar. Churrasco é pra se apreciar lenta, demoradamente (quem tem pressa e quer encher o prato que vá comer num self-service).
As asinhas arrume numa outra grelha e coloque de lado no fogo. Elas demoram para assar e é melhor que não encostem na grelha da carne porque vão deixar gosto de galinha na picanha.
Se você tiver uma irmã que sabe fazer hamburguer caseiro, aqueles pequenos e altos, asse-os ligeiramente. Ficam macios e úmidos por dentro. Matam a fome da molecada (sempre esfomeada) que daí em diante te deixa em paz pra fazer o churrasco dos adultos.
Aparecerão os comedores de salada. Não vá cuidar disso, não é sua tarefa (os vegetarianos são verdes, que se entendam...).
Também aparecerá pão velho ou pão de alho....seja paciente (mas reclame um pouco, nem que seja só por charme). Assar pão é o inferno de todo churrasqueiro. Assar pão é como ferver leite....você fica ali olhando e justo quando se distrai o pão queima (e o leite derrama...).
Tome cuidado ao beber. Churrasqueiro bêbado é um desastre. Estraga a carne. Quando não queima a própria mão na churrasqueira.
Por último e o mais importante, a estrela da festa: a picanha. Cuide do ponto da carne, de mal passada a bem passada, segundo o gosto dos convidados. E não descuide do fogo. Se precisar se afastar, peça a alguém (de total confiança), que vigie pra você.  Não pode ter labareda (queima a carne). As brasas não podem esfriar (enrijece a carne).
Se quiser mesmo dar um show, tenha suas próprias facas, bem amoladas: uma para carne crua e outra para carne assada. E seu próprio avental. Mas isso não é fundamental. Importante no churrasco é carne macia, cerveja fria e boa companhia...o resto é supérfluo.
No final da tarde você estará mais defumado do que um pedaço de bacon, com a pele do rosto engordurada, as unhas sujas de carvão, meio alegrinho (você bebeu, pouco... mas bebeu), com fome (porque só comeu umas tirinhas de linguiça e de carne), mas se sentindo leve, leve, leve...
PS: se der tempo, arrume um limão, lave bem, corte em fatias, coloque num copo alto com um pouco de açuçar, esprema com uma colher (não muito pra não soltar o sumo da casca - amarga), junte 3 ou 4 pedras de gelo, cachaça de boa qualidade (bebida sempre de boa qualidade - você não achou seu fígado no lixo, né?), mexa bem e deguste. É o néctar dos deuses.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Receita caseira pra dar tudo errado

Você passa o final de semana no sítio de um amigo, comendo, bebendo, dormindo sem pagar  nada (eita vidão).
No dia de ir embora, um pouco por distração, outro tanto por antice mesmo, em vez de pegar a rodovia duplicada (que você já conhece) e que te levaria direto a caminho de casa, você erra, entra numa estrada de pista simples. Assim que entra você vê que errou. Daí você faz o retorno pra pegar o caminho certo, né?
Não. Você segue em frente porque aquela estrada vai dar numa cidade mais adiante, de onde é possível entrar na rodovida certa. E roda uns bons pares de quilometros até chegar lá (além de burro, você também é teimoso?).
Quando chega na cidade você nota que o ponteiro do tanque de combustível está baixo. Entra no posto...mas, o posto é meia boca, está cheio, só tem duas bombas, um único frentista meio devagar que está olhando para o bico da bomba como quem tenta desvendar um mistério e....você resolve que não vai esperar...e continua rodando.
Quando está quase chegando na estrada que realmente te levará pra casa, a luz da reserva do tanque acende no painel. Para não correr o risco de um pane seca, você decide por um pouco de combustível no primeiro posto que vê no caminho (menor ainda do que aquele lá de trás).
Você roda bem uns 100 quilometros (talvez mais) e de repente, numa subida, o carro dá uma engasgadinha, de leve e você pensa que não é nada, finge que não percebeu...e mais alguns metros, uma descida, outra subida e o carro dá outra engasgada e vai morrendo, bem devagarinho, só dá tempo de ligar a seta e puxar para o acostamento.
E pronto....teu dia acabou! Você ainda tenta dar a partida, o carro pega e morre, pega e morre, pega e morre...
Você liga pra seguradora, pede o guincho, espera pelo guincho debaixo do maior sol parada no acostamento, tá morrendo de fome (você ia parar para almoçar), tem que pedir pra usar o banheiro num comércio (e explicar que o carro deu pane e tal) e entre tantos contratempos você chega em casa muito mais tarde do que o previsto, você atrapalhou os compromissos de quem te acompanhava e ainda tem pela frente a dor de cabeça de levar o carro para o conserto e cruzar os dedos para que não seja nada grave.
Sabe por que? Porque você fez tudo errado.
Primeiro, deixou o tanque de combustível ir parar na reserva. Não é você que vive repetindo que carros com injeção eletrônica não devem ficar na reserva, porque há o risco da bomba puxar a sujeira que está no tanque de gasolina e entupir o sistema?
Depois você colocou combustível num posto qualquer, num lugar desconhecido. Você não cansa de saber que no Brasil há gasolina adulterada a dar com pau e que o melhor jeito de prevenir é abastecer em lugares medianamente confiáveis?
Então você vive ditando regras e não cumpre as próprias regras?
Bem feito pra você.  Viu no que deu?